Propõe-se realizar uma abstração da fenda de dor e morte causada pelas explosões de 22 de abril, e convertê-la em uma abertura de luz e esperança.
Desta forma, a vida e a fé em outra vida expressam-se no espaço por meio da luz que banha o recinto a partir de uma fenda no teto, simbolizando a fissura aberta na cidade e na vida dos afetados.
O uso de panos de vidro tem o objetivo de fazer do espaço, sem perder seu caráter de resguardo, um lugar em que a luz impere.
Localizada em uma área com dimensões para uma habitação, esta obra não tenta se sobressair, ser o único marco na paisagem urbana, seu único ponto de evidência é a torre do campanário que se destaca em altura diante das propriedades vizinhas.
Com uma estrutura funcional básica, essa capela tem um átrio de entrada fechado para abrigar um número maior de fiéis em cerimônias grandes, uma pequena nave com dois grupos de bancos, a zona do altar tem a parede que recebe a cruz e que esconde o acesso a sacristia, espaço com um pé-direito básico, e que recebe, acima de sua laje, vasos de árvores que são vistos pelo pano de vidro acima do altar.
Realizada com materiais simples e econômicos na construção, no acabamento e no mobiliário, desenhados, também, pelo escritório Echauri Morales Arquitectos, a capela é entendida como um espaço sem pretensões, claro e com um gesto principal, a marca da fenda.